Não Remoer

O hábito de remoer ou ruminar constantemente nos problemas até conseguir encontrar uma solução é não só nocivo como extremamente difícil de perder. Achamos sempre que ao pensar sobre o assunto iremos de forma racional encontrar uma lógica e um rumo ou caminho a seguir. Infelizmente nem sempre tudo está debaixo do nosso controlo, principalmente quando envolve acções e comportamentos de outras pessoas ou circunstâncias que continuamente estão sempre a evoluir e a mudar. Não conseguimos prever ou controlar tudo à nossa volta, embora a maior parte de nós acredite que consegue e mais importante de que é o nosso dever. 

A nossa mente foi concebida para procurar incessantemente a solução para as adversidades e tentar prever problemas futuros para nos proteger. O nosso cérebro não está desenhado para nos fazer felizes mas para sobreviver.

Infelizmente ao iniciarmos este processo de ruminação, e muitos de nós ainda enquanto crianças ou adolescentes, estamos a treinar o cérebro para constantemente procurar e prestar atenção aos problemas que surgem, em vez de celebrarmos as nossas vitórias e tudo o que acontece de bom à nossa volta, e vivemos continuamente num estado de ansiedade e medo do que possa acontecer. 

Não levar tudo demasiado a sério 

Não nos devemos preocupar com todos os problemas que surgem como se fossem uma catástrofe ou o fim do mundo. É preciso RIR das coisas e das pessoas que nos aborrecem ou das situações embaraçosas. Usar o sentido de humor, “mandar para trás das costas” e seguir em frente. Há situações que realmente não merecem a preocupação e a ansiedade (ou a irritação) que lhes conferimos. Quando levamos tudo demasiado a sério, todas as críticas negativas, conflitos, injustiças, etc podem-nos deitar abaixo. Não precisamos de ter sempre razão ou de tentar ser perfeitos (porque não somos). Devemos-nos orgulhar das nossas imperfeições ou defeitos porque tal como as nossas qualidades é isso que nos caracteriza como um indivíduo único e diferente das outras pessoas. 

Afastar pensamentos negativos 

Pura e simplesmente dizer “STOP” aos pensamentos ansiosos ou negativos. Cada vez que aparecem, tomar a decisão de pará-los e redireccionar a nossa atenção para outro foco. Quanto mais repetirmos este processo mais se torna um hábito e ao fim de algum tempo é automático. Esta técnica pode não resultar com todas as pessoas ou todo o tipo de pensamentos e pode ser considerado contraprudecente por outros que acreditam que forçar algo não resulta. Mas a verdade é que quando nos forçamos a parar um pensamento sobre uma doença terrivel com medo de a atrair estamos a usar o mesmo método e pessoalmente gostaria de poder dizer que consigo aplicá-la para todos os pensamentos negativos mas é uma meta e um processo em curso. 

Não me culpar, não me lamentar

Aquilo em que focamos a nossa atenção afecta as nossas emoções e a forma como nos sentimos. Se nos focarmos sempre no passado e no que correu mal estamos a reviver essas experiências negativas, sem qualquer benefício para o presente. É preciso aprender com os erros mas basta retirar as lições e seguir em frente, sem remoer em culpas ou frustrações. Muitas vezes a culpa nem sequer é nossa e mais uma vez é preciso perdoar e seguir caminho. Prestar muita atenção ao nosso diálogo interno e com os outros sobre lamentos, culpas e vergonha. Atitudes e pensamentos positivos melhoram a qualidade das nossas emoções e logo a nossa qualidade de vida. 

Parar de tentar resolver problemas que não têm solução 

Todos os problemas que temos parecem puzzles que a nossa mente gosta de se entreter a resolver, mas se as peças não estão a encaixar o melhor é deixá-las em paz. E enquanto desligamos a parte consciente do cérebro para esse problema e nos focamos noutro assunto, o nosso subconsciente continua a tentar resolver o dilema sem qualquer esforço da nossa parte. É por este motivo que muitas vezes estamos no banho e a solução de repente aparece como por “milagre” e mais uma vez sem qualquer esforço mental .

Em vez de pensar demais, tomar a decisão de avaliar a situação e resolver logo os problemas ou deixá-los em paz.

É necessário em primeiro lugar confiar no processo, depois declarar uma intenção (por exemplo de conseguir determinado emprego) e de seguida movermo-nos nessa direcção mas sem qualquer ligação emocional (ansiedade, medo,etc) ao resultado final (confiar e relaxar)

Fazer outra coisa, focar no momento ou fazer tarefas rotineiras

Quando se apanhar a ruminar nos problemas, as distrações podem quebrar esse ciclo de pensamentos. Encontre alguma coisa para o distrair, como por exemplo telefonar a um amigo, limpar a casa, ver um filme, ler um livro ou dar um passeio.

Mindfulness – nomear o que estou a fazer 

Uma técnica simples que nos coloca directamente no momento presente é nomear exactamente na nossa cabeça (ou em voz alta..) o que se está a fazer. Pode estar a lavar os dentes e dizer vou agarrar a escova, vou colocar a pasta de dentes na minha escova azul, e sentir o sabor da pasta de dentes, vou escovar todos os dentes com muito cuidado por dentro, por fora, por cima, vou passar a escova por água, etc. Posso dizer por experiência própria que este método realmente resulta se for feito de forma consistente e insistir até se tornar um hábito. Poucas coisas nos colocam tão facilmente e imediatamente no Presente.

Visualizações e afirmações positivas 

Focar no que quero que aconteça e não naquilo que não quero que aconteça. Visualizar o resultado perfeito para a situação em questão. E reforçar com afirmações positivas como por exemplo “Eu sou forte. Eu respiro força.” Se acreditarmos no nosso potencial e que somos mais fortes do que alguma vez imaginámos ser então todas as nossas acções, comportamentos, o nosso corpo, a nossa energia e voz vão manifestar essa certeza. É como sentir que já lá chegámos e conseguimos alcançar esse resultado. 

Chamar os pensamentos de “a minha Mente” 

Temos milhares de pensamentos todos os dias, mas nós não somos os nossos pensamentos, a nossa mente é só uma parte de nós. Precisamos de praticar separar-nos dos nossos pensamentos e não acreditar nas histórias que contam, não nos deixarmos envolver. Observar conscientemente os pensamentos como se fossem nuvens a passar (ou folhas ou carros na rua) ou ondas no mar sem nos deixarmos enrolar nessas ondas. Observar a onda e mergulhar deixá-la passar por nós  A mente pode-se tornar uma tirana, se acreditarmos nas histórias que muitas vezes são coisas que nunca aconteceram ou não são factos crediveis apesar de assustadores. Temos de lhes resistir, deixá-los passar e ver que não são reais – não os deixar permanecer.

Não existe nada mais pernicioso do que passar os nossos dias a matutar continuamente nos nossos problemas e tentar encontrar soluções em vez de nos focarmos no que realmente nos possa dar alguma alegria no momento presente.

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