O stress afecta-nos a todos. Podemos notar sintomas de stress e ansiedade quando discutimos com alguém, quando estamos mais assoberbados de trabalho, quando queremos disciplinar uma criança ou quando surgem problemas financeiros. Demasiado stress no entanto pode-nos pôr doentes, tanto mentalmente como fisicamente. E por vezes reconhecer os sintomas de que já passámos para um nivel nocivo pode ser dificil já que estamos tão habituados a sentir stress nas nossas vidas.
O stress é a reacção do corpo a situações adversas, sejam reais ou imaginadas. Quando nos sentimos ameaçados, ocorre uma reacção quimica no corpo que nos permite fazer face à ameaça. Esta resposta imediata do nosso corpo é conhecida por “fight or flight” (fugir ou lutar) – e esta não é uma reacção racional ou mental, pois muito antes de nos apercebermos mentalmente do perigo o nosso corpo já está a preparar-se para o enfrentar – ao produzir adrenalina e cortisol, aumenta o ritmo cardiaco e pressão sanguinea para bombear mais sangue para tornar os músculos mais tensos, aumenta o ritmo respiratório para aumentar a disponibilidade de oxigenio no sangue, aumenta o nível de acúcar no sangue para produzir mais energia, etc. Esta reacção natural ocorre também nos animais e todos estes processos permitem-lhes preparar o corpo para uma luta ou uma fuga se o perigo for demasiado significativo para ser enfrentado.
Ao mesmo tempo que estas reacções ocorrem, todos os outros processos biológicos ficam para segundo plano, nomeadamente o processo digestivo, o normal funcionamento do sistema imunitário e dos intestinos e a reprodução, entre outros.
O stress é portanto uma das maiores causas de alterações biológicas (epigenéticas), porque altera o equilibrio do corpo e pode despoletar mais de 1400 reacções quimicas e produzir mais de 30 hormonas e neurotransmissores.
O corpo fica em desiquilibrio, mas por um periodo curto de tempo até que o perigo passe. Pelo menos foi assim que foi desenhado este mecanismo. Para a maioria das pessoas, um conjunto de incidentes prolonga o seu estado de “fight or flight” (e fora de homeostase) grande parte do tempo.
No modo “fight or flight” a nossa energia vital é mobilizada para que o corpo possa correr ou lutar, e quando não existe um retorno à homeostase porque continuamos a percepcionar ameaças, temos menos energia para a regeneração e crescimento de células e para a nossa cura. As células deixam de comunicar umas com as outras. Não é altura para manutenções ou melhorias, é tempo de defesa.. Os sistemas imunológico e endócrino (por ex.) ficam mais fracos porque os genes nessas células deixam de receber informação exterior.
O stress de longo prazo tem estado associado a ansiedade, depressão, problemas digestivos, perda de memória, insónia, hipertensão, problemas de coração, avc, cancro, úlceras, artrite reumatoide, constipações, gripes, alergias, dores e fadigua crónicas, infertilidade, impotência, asma, problemas hormonais, perda de cabelo, espasmos musculares e diabetes, entre outros. todas estas condições são o resultado de alterações epigenéticas. Nenhum organismo na natureza foi desenhado para resistir aos efeitos do stress prolongado.
Á medida que continuamos a produzir estas hormonas de stress, criamos uma série de emoções negativas, incluindo raiva, hostilidade, agressão, competição, odio, frustração, medo, ansiedade, ciume, insegurança, culpa, vergonha, depressão, etc. Quando nos focamos em memórias passadas amargas ou imaginamos futuros terriveis, excluindo tudo o resto, não deixamos que o corpo volte à homeostase (condição de estabilidade e equilibrio do corpo)..
Na verdade, somos capazes de despoletar a resposta de stress só através do pensamento. Se não a conseguirmos desligar, estamos a encaminhar-nos para algum tipo de doença, quando os nossos genes ficarem desregulados neste processo.
Por todos estes motivos, é fundamental regularmos e reduzirmos o stress nas nossas vidas e deve ser uma prioridade para todas as pessoas que colocam a sua saúde em primeiro lugar. E nada é mais importante do que a nossa saúde porque sem ela não conseguimos disfrutar do resto. Por experiência própria eu diria mesmo: “Pare com o stress antes que ele o pare a si.”

